Foi lançado nesta terça-feira, 6 de dezembro, o Plano Indicativo de Gasodutos de Transporte 2022. O PIG é elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética e visa subsidiar o planejamento do setor de gás, de maneira a apresentar oportunidades de investimentos em gasodutos de transporte. Essa edição do plano, lançada em evento no Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás Natural, sinaliza investimentos de cerca de R$ 20,5 bilhões, distribuídos em cinco projetos novos de infraestrutura para a malha de gás nacional que aproveitem o escoamento do gás da bacia do Sergipe e Alagoas, além do gás do pré-sal. O PIG também buscou solucionar pela expansão da malha gargalos de escoamento de gás para o Nordeste e Sudeste.

Outro ponto abordado no plano foram as regiões que receberão térmicas determinadas pela lei que permitiu a privatização da Eletrobras. O PIG identificou possíveis alternativas que poderiam atender aos requisitos locacionais. “Observamos as regiões e fizemos proposições de infraestruturas que poderiam de forma indicativa atender não só a demanda termelétrica, mas contribuiriam para a interiorização do gás e para o desenvolvimento dessas regiões”, explica a analista técnica da EPE Ana Claudia Pinto.

Os cinco novos projetos que abrangem essas determinações são: Barcarena-Belém (PA), com investimentos de R$ 850 milhões e extensão de 48,7 quilômetros; Jacutinga – Uberaba (MG), com investimentos de R$ 6 bilhões e extensão de 320,8 km; Linhares (ES) – Governador Valadares (MG), R$ 4,2 bilhões de investimentos e 280 km; São João da Barra – Macaé (RJ), de 101 km e R$ 2 bilhões de investimentos e Duque de Caxias (RJ) – Taubaté (SP), de 294 km e R$ 7,3 bilhões em investimentos.

Painel de debate realizado durante o lançamento do PIG 2022, no IBP

Atualmente, a malha de gasodutos de transporte brasileira soma 9,4 mil quilômetros. O PIG 2022 estuda mais 1,1 mil quilômetros, com os 9,4 mil km dos estudos das edições anteriores, são 15,4 mil km em gasodutos.

Houve um aumento significativo dos custos na comparação com a última edição do plano. A elevação foi causada por eventos externos como a inflação causada pela pandemia, desajuste trazido pela guerra da Ucrânia. Segundo a EPE, esse aumento não foi exclusivo da indústria de gás natural, atingindo também outros segmentos da economia e já era esperado. “Esse aumento já estava indicado nas análises”, avisa a diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis, Heloisa Borges. Durante a apresentação, Ana Claudia Pinto mostrou que os índices econômicos também subiram e custos como os de construção de tubulação em dólar cresceram 103%. “O aumento dos custos de construção por aumento de inflação ou restrição na cadeia de suprimentos é um fator mundial”, observa.

A demanda das termelétricas continua sendo um fator importante para a expansão e interiorização da malha. O plano salienta que o aumento da capacidade de transporte em pontos de gargalo, pode garantir maior aproveitamento do gás nacional e prover a segurança energética. O hidrogênio e o biometano podem ser beneficiados com essa expansão, com o compartilhamento dos gasodutos.

De acordo com a diretora da EPE, após a publicação da lei do gás, já se observa um fôlego nos investimentos para a expansão da malha. Ela lembra ainda que houve um destravamento dos investimentos e que o energético deve ser considerado como ator importante dentro da transição energética.

Para o presidente da Associação das Transportadoras de Gás, Rogério Manso, as edições anteriores do PIG já vinham tratando de temas relevantes e nessa não foi diferente. Ele cita o investimento na malha que recebe gás da bacia de Santos, necessária para substituir o gás boliviano, além do foco no aproveitamento do gás nacional. Segundo ele, o cenário mundial, de foco na segurança energética, faz com que países queriam garantir energia e recursos para suas economias.

Ainda segundo ele, o momento pós lei do gás tem sido bom para o setor. Antes da lei do gás, o plano quinquenal de investimentos das transportadoras previa R$ 6 bilhões. Agora, ele já chega a R$ 18 bilhões até 2030. Para o ano que vem, a perspectiva também é boa devido ao ambiente propiciado pelo novo marco. “A lei do gás, ao dar segurança jurídica e promover a celeridade dos processos, estimula o crescimento do mercado, seja através da entrada de novos agentes e de mais gás de produção nacional para o mercado. Isso gera por consequência novos investimentos”, aponta.